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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mais horas para votar na Florida

O governador da Florida, Charlie Crist, decidiu alargar o horário dos lugares onde decorre o voto antecipado, uma medida que os democratas vinham reclamando e que os republicanos interpretaram como o golpe de misericórdia para as aspirações de John McCain poder vencer aquele estado.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Alienação

Aproxima-se o "momento da verdade" para a campanha Clinton. No sábado, o partido vai decidir como resolver o imbróglio das primárias do Michigan e da Florida -- se as eleições contam, se os delegados têm direito a participar na Convenção Nacional de Denver, se a sua distribuição pelos dois candidatos respeitará as regras da proporcionalidade ou se será precisa uma fórmula extraordinária. Tudo o que não seja o reconhecimento do total dos resultados e a respectiva alocação do total dos delegados corresponderá a uma derrota para a senadora de Nova Iorque.
A dois dias do evento, esse é o desfecho mais previsível. Enquanto não se confirma, a candidatura de Hillary afina os seus argumentos finais, junto dos eleitores das três primárias que restam, junto dos superdelegados que ainda não definiram quem apoiam, junto dos financiadores que podem manter a sua campanha à tona. Para ela, é fundamental não alienar nenhum destes três grupos. Como repete — ela e os seus directores de campanha e porta-vozes — os democratas não se podem dar ao luxo de desperdiçar os votos/apoios/dinheiro de que vão precisar em Novembro para bater os republicanos. A sua teoria é que se todos os votos forem contados (e já vimos como Hillary está a fazer as contas) é ela quem surge à frente com mais eleitores. O seu último email, intitulado "viram as últimas sondagens?", acrescenta que é ela que surge à frente no confronto directo com John McCain. Querem deitar esta vantagem a perder?, é a escolha que coloca aos superdelegados.
Até agora, a imprensa tem seguido o raciocínio da campanha Clinton e colocado a questão nesse plano da legitimidade democrática. Os eleitores pronunciaram-se, e em números recorde*, e isso é mais importante e significativo do que a burocracia institucional -- e é, de facto, um risco a alienação de todas estas pessoas (3,2 milhões de eleitores no Michigan e na Florida). Em todas as peças, há inevitavelmente um eleitor a dar conta da sua insatisfação e descontentamento com o partido, que parece não o considerar importante -- "Porque razão devo ser punido por votar?". Hoje começaram a aparecer outros, também insatisfeitos e descontentes com a mesma atitude de alienação: "Nós respeitámos as regras, acatámos a decisão do partido, abstivémo-nos de ir votar e agora somos ignorados e punidos?"

*Um dado interessante sobre a adesão eleitoral no Michigan e na Florida, através da comparação da afluência às urnas dos eleitores democratas nas primárias de 2008 e nas presidenciais de 2004. Nas sucessivas votações recorde dos primeiros dez estados que votaram este ano, a média de eleitores é de cerca de 75 por cento do total que votou em John Kerry. No Michigan, foram 24 por cento e na Florida 44 por cento.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Isto é tudo muito complicado...

... mas também fascinante. Da forma como os dois partidos se organizarem antes de Novembro para transmitir cirurgicamente a sua mensagem junto dos grupos que mais lhes interessam poderá depender o seu sucesso eleitoral. Até agora, a vantagem pertenceu à máquina republicana, mas como reporta o Politico, o Comité Nacional Democrata também já tem a sua própria tecnologia para cruzar os dados das sondagens eleitorais com os censos da população e os inquéritos ao consumo. O microtargeting é o futuro.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Voto popular

É o derradeiro argumento da campanha Clinton. As primárias são, tradicionalmente, uma contagem de espingardas, mas Hillary Clinton (e Bill Clinton) inverteram o argumento para reclamar que a contabilidade feita até agora está errada. "O voto popular é que é a verdadeira expressão da vontade dos americanos", diz a candidata, que quer refazer todas as contas para provar aos superdelegados que o seu apoio a Obama não deve ser baseado nas suas vitórias eleitorais em mais estados (e consequentemente, no maior número de delegados).
Segundo a aritmética de Hillary Clinton, é ela que tem o maior número de votos depositados nas urnas -- um dos argumentos que a senadora usou até foi que se as regras do Partido Democrata fossem semelhantes às dos republicanos (que em muitos estados usam o sistema winner-takes-all) ela já teria os delegados necessários para a nomeação.
Vejamos como Hillary faz as contas, usando como referência os números coligidos pelo Real Clear Politics. Arredondando, a candidata diz que já obteve cerca de 17 milhões de votos, "o maior número de sempre na história das primárias democratas". Esse valor inclui o total do voto popular contado em todos os estados que já votaram até agora (16.216.795), mais a sua votação no Michigan e na Florida (1.199.295). Ou seja, 17.416.090. Mas de fora estão os resultados dos caucus de quatro estados, Iowa, Nevada, Washington e Maine, onde não foram reportados os números totais de votos mas apenas os delegados que couberam a cada candidato na distribuição. Uma estimativa desses quatro estados dá a Hillary mais 223.862 votos. Ou seja, se a sua candidatura quiser contar todos os votos, a sua votação será de 17.639.952. Aplicando a mesma fórmula, o resultado total de Barack Obama é de 17.576.579, isto é, sensivelmente menos 63 mil votos do que a senadora de Nova Iorque.
Onde está o spin da campanha Clinton?
Primeiro, a votação do Michigan e da Florida não podem ser consideradas da mesma maneira para os dois candidatos. No Michigan, o seu era o único nome no boletim de voto (ou seja, Barack Obama, como na altura John Edwards, Joe Biden, Chris Dodd e todos os outros, tiveram uma votação de zero). E na Florida, onde os boletins tinham todos os nomes, respeitou-se a proibição do partido de fazer campanha, pelo que é de admitir que a votação reflecte o reconhecimento público dos candidatos -- e a eleição decorreu em Janeiro, quando os americanos ainda não estavam completamente familiarizados com todos os concorrentes.
Segundo, a exclusão dos quatro estados dos caucus da contagem só se explica pelo facto de Barack Obama ter conseguido vitórias significativas em três (venceu no Iowa, Washington e Maine), e apesar de ter perdido no Nevada, foi beneficiado pelas regras da distribuição e arrecadou mais delegados do que Hillary. Considerar estes votos, na forma de delegados, empurraria a campanha Clinton de novo para a tradicional contagem de espingardas, e é exactamente isso que Hillary e Bill pretendem evitar a todo o custo.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Razões porque Hillary não vai desistir

A (dramática) vitória de Hillary Clinton na Virginia Ocidental não chega para produzir uma alteração profunda na matemática eleitoral que favorece Barack Obama: mais delegados, mais superdelegados, mais estados, maior votação. A única forma de Hillary conseguir equilibrar essas contas seria ganhar as cinco eleições que faltam com 90 por cento dos votos, algo que qualquer um percebe ser virtualmente impossível. Ainda assim, há várias razões que explicam porque Hillary Clinton não vai desistir da corrida:

1. Porque ainda acredita que pode ser a nomeada democrata para Novembro -
Hillary vai lembrar que a vitória de hoje, bem como a do Ohio ou da Pensilvânia, dá conta de como a sua candidatura é capaz de garantir para o seu partido os swing-states que os republicanos conquistaram com George W. Bush. A candidata pode assim insistir com os superdelegados que só ela carregará os votos necessários do Colégio Eleitoral que determina quem é o Presidente dos Estados Unidos.

2. Porque quer ser vice-presidente -
Consciente do carácter absolutamente histórico desta eleição, Hillary Clinton (ou mais ainda, a marca Clinton) poderá não querer deixar o seu nome de fora das páginas dos compêndios: eleger uma mulher para a Casa Branca será um momento revolucionário, quer ela seja presidente ou vice-presidente. E se Hillary acabar como parceira de Obama, será automaticamente a próxima nomeada democrata para a presidência.

3. Porque quer influenciar a agenda política da próxima Administração -
Hillary pode negociar com a campanha de Obama as condições para sair de cena antes da Convenção Democrata de Denver, e isso implica receber garantias do seu adversário de que algumas das suas propostas de campanha serão vertidas para o programa de governo da sua candididatura.

terça-feira, 25 de março de 2008

Clinton e Obama até 2020?

A história é divertida e [arrepios!] ao mesmo tempo muito séria. A revista Slate descobriu uma fórmula legal que permite a Hillary Clinton e Barack Obama concorrerem juntos à Casa Branca e alternarem no seu papel de Presidente... até 2020!
É uma hipótese académica, mas constitucionalmente possível: de acordo com a 25ª emenda, aprovada em 1967 depois do assassinato de John F. Kennedy, o Presidente pode decidir, unilateralmente, transferir o poder para o seu vice-presidente. O que a Slate propõe é um novo uso criativo dessa prerrogativa. Na Convenção Democrata, os dois candidatos anunciariam apresentar-se num ticket conjunto — um sonho para os eleitores democratas e um pesadelo tanto para Hillary como para Obama —, com uma pequena nuance: aquele que liderasse o boletim serviria como Presidente nos primeiros três anos do mandato, e trocaria de posição assumindo a vice-presidência no quarto ano. Na reeleição, seria o antigo vice (depois de cumprir um ano como presidente) a encabeçar a candidatura, voltando à posição inicial depois de três anos de mandato. Dessa forma, estaria garantido a ambos um mandato de quatro anos como presidente.
Diz a revista que a "beleza" da proposta é que Hillary e Obama poderiam perpetuar-se no poder nos próximos 16 anos sem desrespeitar a Constituição, que estabelece que nenhum candidato a presidente pode cumprir mais do que dois mandatos. Mas o texto também começa por avisar que ninguém leva a sério a possibilidade destes dois candidatos democratas se juntarem no mesmo ticket -- até porque se não o fizesse, não seria jornalismo.

terça-feira, 11 de março de 2008

"É como encontrar a paz nos Balcãs"...

... suspirava há pouco a repórter da CNN, Candy Crowley, sobre Hillary e Obama e a possibilidade de sentar os delegados da Florida e do Michigan, que foram abolidos da Convenção Nacional Democrata em retaliação por terem desrespeitado o calendário estabelecido para as primárias pela cúpula do partido: "É preciso uma solução que satisfaça os dois candidatos, os dois estados, o comité democrata, ..."

quarta-feira, 5 de março de 2008

Texas "two-step"

A votação dos democratas no Texas faz-se em duas fases: uma eleição primária, com urnas e boletim de voto, e na qual serão atribuídos 126 delegados; e um caucus, no qual só podem participar os eleitores que votaram na primária, e a partir dos quais serão nomeados mais 67 delegados (para ficarem as contas completas, há que acrescentar depois os 35 super-delegados).
Estou de saída para ir acompanhar um caucus, volto dentro de umas horas.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O programa de amanhã: Wisconsin, Havai... Washington?!?

A corrida republicana está mais ou menos resolvida, a corrida democrata não se resolverá antes da "mini-terça-feira" de 4 de Março, quando votam os "super-estados" Ohio e Texas.

Mesmo assim, amanhã há eleições; sobretudo no estado do Wisconsin, está muito em jogo. Para Hillary Clinton, não é obrigatório um triunfo no Wisconsin - mas é vital pelo menos conseguir um resultado "airoso", para manter as expectativas de superar Barack Obama na "mini-terça-feira". Um novo revés por uma diferença muito alargada pode ser fatal para a sua campanha.

Do lado republicano, John McCain quer uma vitória expressiva no Wisconsin, que demonstre que o partido está claramente do seu lado; se Huckabee voltar a obter um resultado na ordem dos 40, 45 por cento (ou mais ainda se ganhar), McCain terá de continuar a tentar fazer as pazes com a ala mais conservadora do partido.

Eis o "programa" de terça-feira:

Wisconsin

Delegados em jogo

40 republicanos, 92 democratas

Quem é esta gente?

Um estado sui generis, com reputação de "pensar pela sua cabeça" - não faz parte da América "azul" nem "vermelha", tanto vota democrata como republicano (nas últimas duas presidenciais, ganharam os democratas mas por margens muito curtas). Culturalmente, é um estado do Midwest, rural mas não conservador; demograficamente, é relativamente homogéneo, com pouco peso de minorias étnicas. As principais cidades (Milwaukee e Madison) são mais "liberais" que as áreas rurais; estado muito conhecido nos EUA pelo seu queijo.

A corrida republicana

McCain deve ganhar, a única questão é saber por quanto; a direita religiosa em que Huckabee se apoia não é muito representativa no Wisconsin.

A corrida democrata

Não há muitos negros, há muitos brancos de classe média-baixa, vota-se em primária e não em "caucus"; o Wisconsin pode parecer à partida um estado mais favorável a Hillary, mas na verdade todos esperam um triunfo de Obama. Primeiro, porque Obama tem tido resultados excelentes nos estados do Midwest (ganhou-os todos, excepto o Michigan, onde a corrida não foi bem a sério); segundo, porque Obama é senador do Illinois, estado vizinho e muito próximo culturalmente do Wisconsin.

O que dizem as sondagens

McCain com 20 pontos ou mais de vantagem; Obama à frente, mas por uma margem relativamente curta sobre Hillary, e muitos indecisos do lado democrata.

Havai

Delegados em jogo

29 democratas

Quem é esta gente?

Aloha! Um arquipélago no Pacífico, último dos 50 Estados Unidos a aderir à União (entrou em 1959); a sua grande indústria é o turismo, a sua população (pouco mais de um milhão de pessoas) é muito diversificada etnicamente. A enorme distância geográfica em relação ao continente americano faz do Havai um estado muito diferente dos outros 49 em termos culturais.

A corrida democrata

Deve ganhar Obama. O Havai vota em "caucus", e Obama nasceu aqui. O Havai fica tão longe que os candidatos praticamente ignoraram o estado - embora Chelsea Clinton, filha de Hillary, tenha feito uma visita esta semana.

O que dizem as sondagens

Não foi possível encontrar sondagens para o Havai

Washington

Delegados em jogo

Nenhum do lado democrata, 20 do lado republicano

Como assim nenhum? E então Washington não tinha votado já?

O estado de Washington já votou - em "caucuses", que se realizaram a 9 de Fevereiro. Então, porque é que vota outra vez?

Porque Washington (o estado - não se trata da capital federal, Washington DC) tem um sistema eleitoral ainda mais confuso que o resto da América - tão confuso que confunde os próprios eleitores.

Tradicionalmente, Washington votava em "caucuses". Alguns residentes do estado preferiam passar ao sistema de primária, por o considerarem mais aberto e representativo. Mas, aparentemente, há quem discorde, e a solução este ano foi salomónica: faz-se "caucus" e também primária. E sim, as pessoas devem votar as duas vezes.

Os republicanos decidiram distribuir os seus delegados a meio entre o "caucus" e a primária; a 9, ganhou McCain, com uma ligeira vantagem sobre Huckabee.

Os democratas decidiram que só os "caucus" elegem delegados (ganhou Obama a 9, com bastante vantagem). Ou seja, a primária democrata de amanhã é um exemplo claro de um "beauty contest". Poderia ter alguma relevância se houvesse grande afluência às urnas e os resultados fossem muito diferentes dos do "caucus"; mas não é provável que isso aconteça, até porque tanto Obama como Clinton decidiram ignorar a primária.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

John McCain nos calcanhares de Obama

John McCain está tão ou mais atento ao "momentum" da candidatura de Barack Obama como o resto do país. Numa manobra inteligente, o candidato republicano lembrou o seu adversário do seu anterior compromisso com o uso do financiamento público na campanha eleitoral, e exortou Obama a optar por esse sistema no caso de ser ele o nomeado democrata. Com o apelo McCain vai direito aos calcanhares de Obama: forçando o candidato a contradizer-se, se não aceitar a proposta, ou anulando a sua (quase incomensurável) vantagem em termos de recolha de fundos, se concordar.
Segundo o sistema do financiamento público, os dois candidatos teriam direito a 85 milhões de dólares para as suas campanhas, provenientes de um fundo alimentado pelas declarações de IRS recebidas pelo Fisco. Tanto Obama como McCain rejeitaram o financiamento público para pagar as suas campanhas durante as primárias. O candidato democrata tornou-se entretanto um campeão de "fundraising" -- e muito do dinheiro recolhido já se destina ao pagamento da campanha para a eleição geral. Se recorrer ao sistema público, Obama terá de devolver os mais de 6 milhões de dólares privados de que dispõe para Novembro (McCain conta com pouco mais do que 2 milhões de dólares).
A resposta do senador democrata à "provocação" de McCain foi vaga e cautelosa. Obama aceitou discutir com a campanha do republicano as regras a seguir na eleição de Novembro, mas disse ser "presunçoso" da sua parte assinar qualquer acordo nesta fase do campeonato. "Ainda não sou o nomeado", lembrou.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Tudo (ou quase tudo) o que sempre quis saber sobre superdelegados...

... e com fotos dos crachás dos candidatos responsáveis por algumas das votações históricas em convenções democratas, aqui.

Afinal, quem vai à frente? O regresso do "momentum"

Os resultados da "primária do Potomac" foram claros: vitórias categóricas de John McCain e Barack Obama.

Do lado republicano, já não há margem para dúvidas: McCain vai ser o candidato em Novembro, mesmo com Huckabee ainda no terreno.

Do lado democrata, as coisas ainda não estão decididas, mas ficaram mais claras. Barack Obama agora é o "frontrunner".

Porquê? Bem, porque ganhou as oito últimas eleições. É ele que tem o "momentum"

Para além disso, Obama vai agora à frente na contagem de delegados (ou pelo menos na maioria delas - já lá vamos). Para um europeu, este poderá parecer um critério simples e lógico: são os delegados que elegem o nomeado, quem tem mais delegados ganha, logo quem tem mais delegados vai à frente.

Mas as coisas não são assim tão simples na América. Para já, a vantagem de Obama em número de delegados é bastante pequena. Depois, não é sequer possível quantificar exactamente essa vantagem.

Por diversos motivos, a contagem de delegados nas primárias americanas não é uma ciência exacta. Dependendo da metodologia, os números variam bastante.

Olhemos para os números do New York Times e da Associated Press.

Segundo o Times, a situação é:

*Obama: 927
*Hillary: 1041

Segundo a AP, estamos em:

*Obama: 1223
*Hillary: 1198

A CNN, que usa outra metodologia, chega a estes números:

*Obama: 1215
*Hillary: 1190

São precisos 2025 delegados para garantir a nomeação. Ou seja: Obama vai à frente por uma margem insignificante, ou se calhar nem vai à frente.

E no entanto, não há dúvidas de que Obama é neste momento o favorito. Porquê? Por causa do tal "momentum".

Foi pelo conceito de "momentum" e não pela contagem aritmética de delegados que se resolveram as primárias nos últimos 30 anos. Mais do que contar delegados um a um, a forma como se determinava quem vai à frente era ver quem ia ganhando, quem ia criando uma dinâmica de vitória, quem gerava à sua volta um consenso de favoritismo.

Nesta (muito invulgar e fascinante) corrida democrata, até agora ainda não havia um candidato com um "momentum" claro. Daí ter-se prestado tanta atenção à contagem de delegados.

Agora, com os seus oito triunfos consecutivos - e, sobretudo, com a forma categórica e abrangente como obteve as vitórias de ontem e do fim-de-semana -, Obama tem o "momentum" do seu lado.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Porque é que Obama ganha mais nos "caucuses" - parte II

Um pouco abaixo escrevíamos algumas possíveis explicações para porque é que Barack Obama está a ter particular sucesso em "caucuses".

Um artigo no blogue Trailhead da Slate acrescenta uma outra explicação. Está relacionada com a nossa hipótese número 1 ("coincidência"): argumenta o Trailhead que, nas eleições deste fim-de-semana, é irrelevante se Obama ganhou em "caucus" ou em eleições directas.

Segundo o artigo...

"Obama não está a vencer Clinton em 'caucuses' - está a vencê-la no Noroeste, nas Grandes Planícies e nas Montanhas Rochosas."

Ou seja: não é mecânica do processo eleitoral que justifica as vitórias de Obama, é a sua geografia. Por outras palavras...

"(...) é a região, não os 'caucuses', que quer uma mudança optimista, e não experiência, na Casa Branca."

Visto que só há mais dois "caucuses" no resto do processo democrata, a questão torna-se de facto irrelevante. Mesmo assim, é interessante ler o link para um artigo na CBS news no artigo imediatamente abaixo deste, que resume as coisas assim:

"Os 'caucuses' exigem organização, e Obama estava [em estados pequenos] mais bem organizado. Exigem entusiasmo, e ele tinha apoiantes mais entusiásticos. Exigem tempo, e o seu eleitorado tem mais tempo livre. São sobretudo em estados pequenos, e Obama visou sobretudo os estados pequenos. São dominados por activistas, e os activistas tendem a apoiar Obama."

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Porque é que Obama ganha mais nos "caucuses"

Nos comentários do post anterior, questão muito interessante de Tiago Bragança: 

Como explicar que Obama ganhe a maioria dos estados onde se realizam "caucus"?

Excelente pergunta - quatro hipóteses de resposta, um pouco mais abaixo. Mas antes disso, uma breve explicação sobre o que é ao certo um "caucus".

Uma primária é, em termos gerais, uma eleição "normal": os eleitores deslocam-se às respectivas mesas de voto, e seja com a cruzinha no papel ou puxando a alavanca ou com qualquer outra espécie de geringonça, faz a sua escolha. Uma primária é um processo individual.

Um "caucus" é um processo colectivo. Os eleitores reúnem-se em escolas, quartéis de bombeiros, etc. O que se passa a seguir depende muito das regras de cada estado - mas, regra geral, as pessoas discutem entre si, ouvem discursos preparados ou de improviso, e depois distribuem-se em grupos para indicar preferências. 

Mais uma vez, as regras variam de estado para estado - mas em muitos "caucus" o voto não é secreto; e nem sequer é vinculativo - os "caucuses" não servem para votar em candidatos à presidência: servem para escolher delegados à convenção estadual, que depois escolhe o candidato (este é um dos motivos pelo qual a contagem de delegados é tão complicada).

Enfim: tendo isto em conta, eis quatro explicações possíveis para porque é que Barack Obama tende a ganhar mais em "caucuses" que em eleições "normais":

1- Coincidência

Pode dar-se o caso simplesmente de ser uma coincidência - Obama ganhar nos estados com "caucus" apenas porque investiu mais tempo e dinheiro nesses estados, ou apenas porque a situação demográfica/política desses estados lhe é mais favorável.

Mas é uma coincidência bastante grande. Já votaram 31 dos 50 Estados Unidos nas primárias democratas. 11 desses estados votaram em "caucuses". 

A vantagem de Obama em estados com "caucus": 10-1 (11-1 se contarmos as Ilhas Virgens). Nos estados que votam em primárias: Hillary 12- Obama 8. Correlação não é a mesma coisa que causa-e-efeito, mas...

2- Os apoiantes de Obama são muito entusiásticos

A maior parte dos observadores concorda que os apoiantes de Obama são mais apaixonados pela "causa" que os dos outros candidatos - como era o caso de Howard Dean há quatro anos. Isso é em si explicável pelo facto de Obama ter mais apoiantes entre os muito jovens. 

No ambiente dos "caucus", em que não se trata apenas de colocar a cruzinha no papel mas é preciso fazer e/ou ouvir discursos, essa motivação adicional pode estar a beneficiar Obama.

3- Os apoiantes de Obama têm mais tempo livre

Numa eleição "normal", um eleitor só precisa de dispensar cinco minutos do seu dia para ir votar - e tem o conforto de poder decidir se vota de manhã, ao almoço ou de tarde.

Um "caucus" não é assim. Tem de se estar no local do "caucus" a uma hora específica; o processo pode levar várias horas (em compensação, é costume haver comes e bebes).

Isso beneficia os candidatos com eleitores mais "motivados", como aparentemente é o caso dos adeptos de Obama; e também beneficia jovens e estudantes, com mais tempo livre, por oposição à mãe de família suburbana que constituirá o eleitorado mais fiel de Hillary Clinton.

4- Nas primárias, ninguém sabe em quem é que você votou

É possível também que a ausência de anonimato nos "caucus" beneficie Obama. Num "caucus" (e mais uma vez, as coisas variam de estado para estado, mas regra geral é assim) um eleitor tem de divulgar em quem vota - e tem de o fazer, muitas vezes, perante os amigos, os vizinhos, os colegas de trabalho.

Isso pode ajudar Obama porque, entre os democratas, talvez seja mais difícil votar em público contra o candidato negro, ou contra o candidato mais jovem, ou contra o candidato "da moda".

Mais explicações?

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Supertuesday: o que acontece hoje

Então é esta noite a maior super-terça-feira de sempre. Votam muitos estados, com regras muito diferentes.

A situação é muito complexa, é extremamente difícil prever um vencedor. Num artigo posterior, olharemos para a situação nos principais "campos de batalha", mas antes três notas sobre as regras de distribuição de delegados:

"Winner takes all" vs. distribuição proporcional

Em muitos dos 21 estados onde há eleições no Partido Republicano, a regra é "winner takes all"; isto é, o candidato que tenha mais votos, nem que seja apenas mais um, ganha todos os delegados desse estado. Há algumas excepções - no Tennesse, por exemplo, só se aplica a regra "winner takes all" se o vencedor tiver pelo menos dois terços dos votos, caso contrário a distribuição dos delegados será proporcional.

Nas eleições democratas, as regras são mais complexas. Em todos os 23 estados onde haverá escrutínios, aplicam-se regras de proporcionalidade. No entanto, essa proporcionalidade não é simples - é calculada dentro de cada círculo eleitoral.

Por exemplo: a Califórnia elege 370 delegados. Esses delegados não serão distribuídos de acordo com a votação geral no estado; serão atribuídos de acordo com as votações em cada um dos seus 53 "congressional districts".

Ou seja: não há na Califórnia uma única eleição, mas sim 53 mini-eleições (no caso específico da Califórnia, quem ganhar a nível estadual tem um "bónus" de 11 delegados). É teoricamente possível um candidato ter uma maioria dos votos a nível estadual, mas acabar por eleger menos delegados se a sua votação estiver menos bem distribuída que a do adversário. Essa, aliás, foi a situação que ocorreu no Nevada - Hillary Clinton teve mais votos a nível global, mas Barack Obama conseguiu eleger mais um delegado.

O bónus Bush

Todos os estados elegem uma quantidade de delegados proporcional à sua população - o que significa que os resultados da Califórnia ou de Nova Iorque são muito mais importantes que, por exemplo, os do Alaska ou do Montana.

Mas, do lado republicano, não é bem assim. Há um "bónus Bush" que premeia os estados onde, nas presidenciais de 2004, o candidato republicano ganhou. Isto é: o Missouri tem 5,8 milhões de habitantes, New Jersey tem 8,5 milhões de cidadãos. Mas, como o Missouri foi em 2004 um "estado vermelho" (votou Bush) e New Jersey um estado "azul" (votou Kerry), o Missouri tem direito a 58 delegados na convenção republicana, e New Jersey a apenas 52.

Primárias/"caucuses", aberto/fechado

As contas ainda se complicam mais considerando que alguns estados votam em primárias (eleições "normais"), outros em "caucuses". E, em alguns estados, as eleições são "fechadas" (isto é, só podem votar nas eleições de um partido eleitores recenseados como pertencentes a esse partido), outras são "abertas" ou "semi-abertas" (ou seja, podem votar também "independentes" ou até eleitores recenseados como pertencentes a outro partido).

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Super-terça-feira, super-confusão

Amanhã, os Estados Unidos vão ter a maior "super-terça-feira" de sempre - 23 estados vão a votos, uma fatia enorme do eleitorado é chamada a pronunciar-se. Os candidatos multiplicam-se em esforços para um dia que pode ser crucial para decidir o próximo Presidente.

É no entanto difícil acompanhar todas as variáveis e possibilidades desta "super-terça-feira". Há estados com primárias, outros com "caucuses"; há estados onde votam só democratas, outros só com republicanos, outros com ambos; há estados grandes, e pequenos, e médios; há estados onde os delegados serão distribuídos proporcionalmente, outros onde vigora o sistema "winner takes all"; e, no meio disto tudo, a Samoa Americana também vai votar.

Enfim: esta tabela ajuda a navegar pela "super-confusão", e este quadro é uma listagem mais ou menos exaustiva de como cada estado vai votar.

Porque é que os americanos votam de uma maneira tão complicada nas primárias? A resposta é demasiado longa, mas este artigo do The Nation oferece alguma perspectiva histórica sobre a evolução do lado democrata; ainda no mesmo jornal, um artigo sobre de onde vieram e como funcionam os "superdelegados".

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Tempos de antena à americana

Um dos aspectos das campanhas políticas americanas que mais costuma impressionar os observadores portugueses é a profusão de publicidade paga nas televisões. Nos EUA não há "tempos de antena" à nossa maneira; se os candidatos quiserem passar a sua mensagem nas televisões, têm de pagar.

Muitos destes anúncios (especialmente os mais negativos) são pagos não pelos próprios candidatos mas por "lobbies" como este ou este. Já houve tentativas de restringir a publicidade política, mas que esbarraram sempre na Constituição americana - a propaganda política é considerada uma vertente da liberdade de expressão, e é por isso difícil estabelecer-lhe limites rígidos.

A Universidade de Stanford está a compilar uma lista de spots publicitários dos candidatos às presidenciais; vale a pena visitar o site, uma colecção exaustiva e com muitos anúncios interessantes - quanto mais não seja, para ter uma ideia do que poderia acontecer se a publicidade paga fosse adoptada em Portugal.

No YouTube, há também uma infindade de anúncios dos candidatos. Eis quatro dos mais recentes. (Note-se a frase no fim em que o candidato diz "o meu nome é Fulano de Tal, e eu aprovei esta mensagem"; esta frase é obrigatória, para distinguir os anúncios "oficiais" pagos pela campanha do candidato dos anúncios pagos por outras organizações).

Barack Obama:



Hillary Clinton:


Mitt Romney:



John McCain:

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Super Tuesday - faltam 6 dias

Nos 24 estados onde se vão realizar primárias ou caucus no próximo dia 5 de Fevereiro estão em jogo 1681 delegados. As regras são diferentes para os democratas e para os republicanos — os primeiros continuam a usar o método proporcional na eleição dos delegados, os segundos, graças a Rudy Giuliani, têm ainda mais estados onde o total de delegados é atribuído ao vencedor. Por isso John McCain pode chegar ao dia 6 de Fevereiro como o futuro candidato republicano à Casa Branca. E também por isso, será preciso esperar por mais eleições para descobrir se os democratas vão escolher Hillary Clinton ou Barack Obama.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A trapalhada da Florida 2008?


Há oito anos, as presidenciais americanas prolongaram-se penosamente devido a problemas na Florida. É possível que a Florida volte a estar no centro de um tremendo imbróglio eleitoral este ano.

O problema pode dar-se do lado democrata - e a "culpa" não será apenas da Florida, mas também do estado do Michigan.

A história é longa e complicada, e algo improvável. Começa com um movimento em meados do ano passado, no qual inúmeros estados decidiram antecipar a data da realização das suas primárias. Porquê? Porque receavam que o processo eleitoral deste ano fosse como nas últimas duas décadas (não está a ser...), e os primeiros estados a votar decidissem os nomeados - tornando irrelevantes as eleições nos estados com primárias mais tardias.

A maior parte destes estados antecipou a sua eleição para a "super-terça-feira". A Florida e depois o Michigan resolveram antecipar a data das suas primárias para ainda mais cedo.

Estes dois estados marcaram a data das suas eleições à revelia das direcções nacionais dos dois partidos. Tanto republicanos como democratas ameaçaram sanções, mas isso não demoveu os governos estaduais.

Os republicanos optaram por uma sanção parcial. O Comité Nacional Republicano "multou" ambos os estados em 50 por cento dos delegados. Ou seja, o Michigan e a Florida só serão representados na Convenção do partido por metade do número de delegados a que teriam direito.

A opção do Comité Nacional Democrata (DNC) foi mais radical. Puniu a Florida e o Michigan tirando-lhes todos os seus delegados.

Isto é: as primárias democratas do Michigan e ontem na Florida foram, para todos os efeitos, "beauty contests". Nenhum destes estados tem direito de voto.

A decisão do DNC foi acatada por todos os candidatos democratas, que se escusaram a fazer campanha nestes estados. Mais ou menos: Hillary Clinton no Michigan, e Hillary e Obama na Florida acabaram por dar alguma atenção aos estados refractários.

Clinton acabou por triunfar nas "eleições-fantasma" tanto do Michigan como da Florida. O que lhe dá, em teoria, nenhum delegado - aliás, a campanha de Obama até troçou da vitória de Clinton na Florida, dizendo que ambos tinham ganho o mesmo número de delegados - zero cada um.

Mas aqui as coisas complicam-se.


A Florida e o Michigan são estados muito importantes nas eleições de Novembro - têm populações significativas, e podem pender para qualquer um dos partidos. Para ganhar a presidência, os democratas deverão ter de vencer em ambos os estados.


Portanto, não é nada conveniente aos democratas hostilizar os cidadãos dos dois estados. A expectativa nos meios políticos americanos era que, dentro de algumas semanas, quando a corrida à nomeação já estivesse resolvida, o DNC decidisse voltar atrás - dizer "Florida, Michigan, afinal podem ter delegados na convenção".


Mas essa expectativa dependia da possibilidade de a corrida democrata já estar completamente decidida antes da convenção. E pode não acontecer assim.


Se Obama e Clinton chegarem à convenção com um número semelhante de delegados, os estados penalizados podem ter um impacto crucial. E se o DNC nessa altura decidir que afinal perdoa Florida e Michigan? A beneficiada aí seria Clinton, que ganhou os "beauty contests".


Mas aí Obama poderia, e com alguma razão, argumentar que se soubesse que o DNC iria voltar atrás, teria feito campanha nestes dois estados - e provavelmente teria obtido resultados melhores.


E assim, a Convenção democrata de Agosto ficaria marcada pela controvérsia. O DNC teria de escolher entre dois males. Ou manter as penalizações e dizer aos eleitores do Michigan e da Florida que os seus votos não servem para nada; ou voltar atrás e desvirtuar o processo eleitoral.


Hillary Clinton, naturalmente, quer que as penalizações sejam abolidas.


Enfim, enfim, este cenário é meramente hipotético. O cenário mais provável é que a "super-terça-feira" de dia 5 ajude a definir um favorito entre os democratas; e que ou Hillary ou Obama consigam conquistar a nomeação sem ser necessário fazer contas à Florida e ao Michigan.


Mas também é possível que as coisas corram mal. Não era a primeira vez que o processo eleitoral americano emperrava por causa da Florida.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A estranha estratégia de Rudy Giuliani


A estratégia de Rudy Giuliani para as primárias republicanas não tem precedentes.


Giuliani decidiu ignorar os dois pequenos estados que inauguram a corrida (Iowa e New Hampshire), e também ignorar os estados de média dimensão que se lhes seguem. A sua estratégia passa por obter um bom resultado na Florida, na próxima terça-feira, e nos muitos estados que vão a votos na "super-terça-feira".


Nunca na história recente da política americana um candidato havia adoptado uma estratégia tão estranha/inovadora. Particularmente bizarro é que Giuliani, o "mayor da América", era considerado o grande favorito à nomeação republicana.


Porque é que ele adoptou esta estratégia? Aparentemente, por ter concluído que corria o risco de não vencer no Iowa e no New Hampshire. A estratégia tinha outras potenciais virtudes:


*ao ignorar os primeiros estados, Giuliani poupava recursos (os seus adversários investiram milhões e milhões de dólares)...


*...e evitava o desgaste inevitável da sobre-exposição mediática das corridas do Iowa e do New Hampshire


*também se escusava a ter de fazer promessas eleitorais para agradar às pequenas populações destes estados (por exemplo, todos os candidatos que vão ao Iowa, estado muito agrícola, têm de professar o seu amor ao etanol)


*enquanto os rivais se dedicavam aos primeiros estados, com populações (e, portanto, número de delegados) muito reduzidas, Giuliani pôde concentrar-se nos estados mais populosos


Em resumo: o primeiro milho é para os pardais, pensou Giuliani. A ideia era deixar Romney, McCain e Huckabee digladiar-se e gastar tempo e dinheiro nos primeiros estados, para depois os esmagar na Florida e nos estados da "super-terça-feira".


Então e qual vai ser o resultado da estranha estratégia de Giuliani?


Segundo as sondagens, um desastre. Giuliani arrisca-se a não ganhar (e nem sequer ficar em segundo lugar na Florida), e está a descer nas sondagens em outros estados de grande dimensão.


Já há quem apresente a Florida como um teste de sobrevivência à candidatura de Giuliani. Um resultado modesto neste estado pode de facto comprometer as hipóteses do ex-mayor de Nova Iorque.


E se as coisas correrem mal, será tudo devido ao erro de cálculo estratégico?


A verdade é que, embora durante muito tempo Giuliani tenha sido o favorito à nomeação republicana, a sua candidatura tem fragilidades endémicas.


Giuliani era o favorito em parte por ser o nome mais conhecido a nível nacional entre os vários candidatos republicanos; essa vantagem esbateu-se à medida que os seus rivais foram ganhando exposição mediática.


Por outro lado, Giuliani desperta resistências junto dos sectores mais conservadores do Partido Republicano (devido, por exemplo, ao seu apoio ao direito ao aborto).


Mais ainda: o ponto forte de Giuliani é a sua ligação ao 11 de Setembro, e o seu tema-chave é o combate ao terrorismo. Mas, nas últimas semanas, é a economia e outros temas internos que estão a dominar o debate político.


Enfim: pelo menos num ponto, a estratégia de Giuliani está a resultar. As primeiras primárias não definiram nenhum "super-favorito" entre os republicanos e, se o ex-mayor ganhar na Florida, tornar-se ele automaticamente o "frontrunner".


Mas se as coisas correrem mal no "Sunshine State"...