segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Não há coincidências

O senador Barack Obama venceu os caucus do Maine, deitando por terra uma das explicações para o seu sucesso neste tipo de votações.
No gelado estado do nordeste, Hillary era (de resto) a candidata favorita: antes do início das primárias — coisa que parece ter sido há uma eternidade mas na verdade foi há pouco mais de um mês —, a senadora tinha uma vantagem de 30 pontos, e ainda este fim-de-semana era apontada como a provável vencedora, dada a sua comprovada tendência para concentrar o voto das mulheres e da classe média com menos qualificações académicas, dois importantes blocos no eleitorado do Maine.
Os cálculos eleitorais revelaram-se, mais uma vez incorrectos, e Hillary Clinton arrisca-se a ver passar um mês inteiro de campanha sem alcançar uma única vitória. O facto até pode não ser dramático em termos de contagem de delegados (embora também possa ser), mas é significativo em termos de percepção: uma derrota é uma derrota é uma derrota, e nem o mais brilhante spin-doctor consegue disfarçar as suas implicações na psicologia do eleitorado.
Quer isto dizer que Barack Obama, que já tem mais delegados eleitos directamente e o dobro de estados a seu favor, passou agora a favorito à nomeação democrata? Ninguém quer arriscar palpites, e com a corrida ainda tão renhida, continua a ser cedo para afirmações peremptórias ou certezas absolutas. Mas provavelmente sim -- Obama estará em vantagem, sobretudo se, como indicam as sondagens, voltar a ter votações expressivas nas "primárias do Potomac" (Maryland, Virginia e Washington DC) na próxima terça-feira, e uma semana depois, no Wisconsin e Havai.


p.s.: mais explicações para o sucesso de Obama em caucus aqui.

p.p.s.: a campanha de Hillary reage aos maus resultados e reforça a equipa.

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