quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Afinal, quem vai à frente? O regresso do "momentum"

Os resultados da "primária do Potomac" foram claros: vitórias categóricas de John McCain e Barack Obama.

Do lado republicano, já não há margem para dúvidas: McCain vai ser o candidato em Novembro, mesmo com Huckabee ainda no terreno.

Do lado democrata, as coisas ainda não estão decididas, mas ficaram mais claras. Barack Obama agora é o "frontrunner".

Porquê? Bem, porque ganhou as oito últimas eleições. É ele que tem o "momentum"

Para além disso, Obama vai agora à frente na contagem de delegados (ou pelo menos na maioria delas - já lá vamos). Para um europeu, este poderá parecer um critério simples e lógico: são os delegados que elegem o nomeado, quem tem mais delegados ganha, logo quem tem mais delegados vai à frente.

Mas as coisas não são assim tão simples na América. Para já, a vantagem de Obama em número de delegados é bastante pequena. Depois, não é sequer possível quantificar exactamente essa vantagem.

Por diversos motivos, a contagem de delegados nas primárias americanas não é uma ciência exacta. Dependendo da metodologia, os números variam bastante.

Olhemos para os números do New York Times e da Associated Press.

Segundo o Times, a situação é:

*Obama: 927
*Hillary: 1041

Segundo a AP, estamos em:

*Obama: 1223
*Hillary: 1198

A CNN, que usa outra metodologia, chega a estes números:

*Obama: 1215
*Hillary: 1190

São precisos 2025 delegados para garantir a nomeação. Ou seja: Obama vai à frente por uma margem insignificante, ou se calhar nem vai à frente.

E no entanto, não há dúvidas de que Obama é neste momento o favorito. Porquê? Por causa do tal "momentum".

Foi pelo conceito de "momentum" e não pela contagem aritmética de delegados que se resolveram as primárias nos últimos 30 anos. Mais do que contar delegados um a um, a forma como se determinava quem vai à frente era ver quem ia ganhando, quem ia criando uma dinâmica de vitória, quem gerava à sua volta um consenso de favoritismo.

Nesta (muito invulgar e fascinante) corrida democrata, até agora ainda não havia um candidato com um "momentum" claro. Daí ter-se prestado tanta atenção à contagem de delegados.

Agora, com os seus oito triunfos consecutivos - e, sobretudo, com a forma categórica e abrangente como obteve as vitórias de ontem e do fim-de-semana -, Obama tem o "momentum" do seu lado.

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