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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Joe, o canalizador

O blogue do New York Times apresenta Joe Wurzelbarcher, a estrela do último debate presidencial.

Surpresas de Outubro

Uma grande parte do trabalho de seguir os candidatos presidenciais é passado a esperar. É o que estão a fazer neste preciso momento centenas de jornalistas no gigantesco (e insuportavelmente gelado) filing center da Hofstra University -- nesses momentos, fazem-se apresentações, recordam-se aventuras passadas noutras paragens da campanha, actualizam-se as fofocas, apresentam-se os planos para as férias que todos prometem fazer quando a eleição terminar... ocasionalmente discute-se o estado da corrida. Há minutos, no refeitório, entretivemo-nos com uma lista de possíveis surpresas de Outubro, especulando sobre qual dos dois candidatos sairia beneficiado se algum destes acontecimentos se verificasse. Era um exercício que convidava ao disparate — e foi o que aconteceu — mas, afinal, era a hora do recreio. Aqui fica uma amostra da lista de possibilidades, e alguns dos comentários que suscitaram. Os leitores estão, naturalmente, convidados a acrescentar as suas sugestões:


- E se Dick Cheney morre em funções? 
Ajuda Obama: "As pessoas vão-se lembrar que McCain é seis anos mais velho que ele e também pode morrer"; 

- E se John McCain se enerva e dá uma bofetada a Obama em directo no debate?
Ajuda McCain: "Lá que mudava a narrativa mudava!";

- E se prendem Osama Bin Laden?
Ajudava os dois: "E provavelmente o resto do mundo"

- E se alguém tenta matar Barack Obama?
Se conseguir, ajuda McCain. Se não, "Obama vence em 52 estados, e também ainda contam os votos do Canadá a favor dele".

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Hofstra University

Não conheço ninguém que esteja satisfeito com a sua fotografia nas credenciais emitidas pela Comissão dos Debates Presidenciais (facto curioso: são côr de rosa choque). A minha não podia ser mais infeliz -- e hoje, para entrar na Hofstra University, onde logo à noite decorre o último debate presidencial, já tive de a exibir centenas de vezes. A vergonha deu rapidamente lugar ao enfado... e finalmente à resignação, quando uma agente dos serviços secretos, sem esconder a sua opinião, bradou "Ui!", a cabeça acenando para cima e para baixo, do retrato no cartão para a minha cara desanimada, para cima e para baixo...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

E agora John McCain?

No rescaldo do segundo debate presidencial, interessantíssima análise do vetereno repórter político do Washington Post, Dan Balz, sobre as perspectivas do candidato republicano John McCain.

Nashville

O texto sobre o segundo debate presidencial estará disponível no website do Público dentro de momentos.



terça-feira, 7 de outubro de 2008

Jogo

Para aqueles que querem fazer da experiência de assistir a debates presidenciais uma desculpa para se divertir com amigos, circulam várias sugestões pela internet. Adaptamos uma delas para publicar um desafio à atenção dos leitores e telespectadores: contar a quantidade de vezes que Barack Obama e John McCain vão pronunciar estas palavras ou expressões:


-maverick
-experience
-change
-more of the same
-my friends
-you know
-wait a minute
-hold on
-Great Depression
-Wall Street
-Main Street
-subprime
-Fannie Mae, Freddie Mac
-fundamentals of our economy
-celebrity
-Mahmoud Ahmadinejad
-lipstick on a pig
-darn right
-Bill Ayers
-Jeremiah Wright
-Keating Five
-erratic
-lier
-judgment
-leadership
-middle class
-on your side
-Ohio
-kitchen table
-kitchen sink
-with all due respect
-you're absolutely right
-failed Bush policies
-affordable health care
-Osama Bin Laden
-general Petraeus
-surge
-exit strategy
-victory

Esperamos que seja o suficiente para um serão animado, e não nos comprometemos a ter os resultados correctos amanhã!

sábado, 4 de outubro de 2008

Histórico

O frente-a-frente televisivo de Sarah Palin e Joe Biden foi o debate mais visto de sempre entre candidatos à vice-presidência.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Fact-check

As palavras dos dois candidatos vice-presidenciais no debate de ontem à noite, revistas pelos fact-checkers -- aqui, mais aqui, também aqui e ainda aqui.

Resumo

A New Yorker pegou nas expressões mais repetidas na avaliação do debate vice-presidencial e fez o resumo da noite.

Reacções

As sondagens à boca da urna entre os telespectadores  americanos dão a vitória do debate a Joe Biden. Segundo a CNN, 51 por cento achou que o senador foi melhor, 36 por cento achou que foi a governadora. 84 por cento acharam que Palin teve um desempenho melhor do que esperavam, e 64 por cento ficaram surpreendidos (pela positiva) por Biden. Na sondagem da CBS News com eleitores indecisos, 46 por cento consideraram que Biden ganhou e 21 por cento que foi Palin a vencedora; 55 por cento disseram que depois do frente-a-frente ficaram com uma posição mais positiva da republicana e 53 por cento do democrata na sequência da emissão.



Rescaldo

Na medida em que Sarah Palin não cometeu nenhuma gaffe, a sua prestação foi um sucesso. A governadora do Alaska usou uma linguagem popular e procurou estabelecer-se como uma campeã da classe média, mas voltou ou a não responder às perguntas directamente ou a recorrer de forma demasiado óbvia a talking points. Diversas vezes foi confusa e vaga, com declarações redondas que não se relacionavam com a questão colocada. Terá ajudado o partido porque falou para os conservadores, mas dificilmente terá conseguido alterar o equilíbrio da corrida.

Joe Biden começou mal, falando em termos demasiado burocráticos. Assumiu o controlo do debate com a política externa e teve as melhores respostas da noite nos temas do Iraque, Paquistão, Israel e depois no papel institucional do vice-presidente e ainda na admissão das suas próprias imperfeições. Foi também mais eficaz ao ataque do que a sua adversária -- e sem parecer machista, chauvinista ou paternalista. Em termos de substância, esteve sempre melhor do que Sarah Palin. Mas não é por isso que se ganham debates. Se fosse, a vitória pertencia-lhe por inteiro.

Debate em directo

10:34 As famílias dos candidatos sobem ao palco no final do debate. Não foi assim no debate presidencial.

10:30 "Há uma necessidade de mudança fundamental neste país", diz Biden. Eleger McCain vai ser ter mais do mesmo.

10:29 "Gosto de responder às perguntas sem o filtro dos media", diz Palin. A escolha em Novembro vai ser entre um ticket que quer promover empregos pela baixa de impostos e outro que quer eliminar postos de trabalho subindo os impostos.

10:22 Sarah Palin ou não percebeu a pergunta ou não quer responder. A pergunta era sobre aquilo que a opinião pública percebe como o seu "calcanhar de Aquiles", a falta de experiência. 

10:18 As regras do debate não admitem notas, mas parece que Sarah Palin está a ler de algum rascunho.

10:16 Biden diz que o papel construtivo do vice-presidente é estar presente e apoiar o presidente a implementar as suas políticas.

10:14 Palin não se importaria que a Constituição atribuísse maiores competências ao vice-presidente. O que a governadora se compromete a fazer é liderar na questão da energia.

10:11 "Joe, lá estás outra vez, sempre a olhar para trás, vamos mas é olhar para a frente".

10:09 Palin: Diz que é preciso reformar Washington e trazer alguma da sabedoria de Wasilla até à capital.

10:08 Biden: seguiria inteiramente a plataforma política de Barack Obama.

10:07 A pergunta é: "Se por qualquer razão fossem obrigados a assumir a presidência, em que é que seriam diferentes do vosso parceiro presidencial?"

10:04 Palin ataca Biden por ter votado a favor da guerra do Iraque e agora ser contra. "É tão óbvio que eu sou uma outsider de Washington, porque eu não falo nesta linguagem de que eu era a favor antes de ser contra ou vice-versa", nota.

9:56 Biden diz que até agora Palin não explicou em que é a que a política externa da Administração McCain-Palin seria diferente da da Administração Bush-Cheney.

9:54 A propósito da aliança com Israel, Biden diz que "a política da Administração Bush para o Médio Oriente foi um abjecto fracasso". Instada a comentar se concorda, Palin diz que "não foi".

9:49 Fica algo a desejar na moderação do debate. Algumas respostas exigiam um follow-up que nunca aconteceu; outras perguntas são enunciadas com pouca clareza.

9:46 Biden estava a passar ao lado do debate até agora. A política externa é o seu campo. 

9:44 Palin replica que isso é "agitar a bandeira da derrota".

9:43 Joe Biden, que até agora tem estado soporífero, ganhou alguma genica a falar sobre o Iraque. "Esta é uma diferença fundamental. Nós vamos acabar esta guerra", declara.

9:34 "O cântico é Drill, baby, drill!", diz Sarah Palin, sobre a independência energética e o apoio à exploração petrolífera em alto mar.

9:32 Sarah Palin diz que a energia é a sua "área de especialidade". A governadora do Alaska volta ao tema em duas respostas consecutivas. 

9:25 Um dos conselhos para Biden que os pundits mais repetiram foi que não se estendesse em respostas demasiados exaustivas e complexas. Um conselho que o senador não parece interessado em seguir.

9:18 Na resposta, Palin diz que está interessada em explicar em detalhe quais são as propostas de John McCain para a saúde.

9:14 Biden acusa Palin de não estar a responder às perguntas. "Eu não vou responder da maneira que o senador ou a moderadora querem", replica Palin. A governadora está decisivamente mais agressiva do que o seu adversário.

9.10 Palin diz que nem o Joe Six Pack nem as hockey moms podem voltar a ser explorados pelos "predadores gananciosos" de Wall Street.
A governadora do Alaska parece estar nervosa, está a falar muito depressa.

9:07 Biden fala dos quatro princípios básicos propostos por Barack Obama e que foram aceites pelos legisladores e incluídos na proposta. Palin diz que quem pode falar melhor sobre os problemas económicos são os pais que estão a assistir aos jogos de futebol dos filhos à sexta-feira à noite.

9:04 A primeira pergunta é sobre a votação da proposta de resgate financeiro de Wall Street no Senado. Biden é o primeiro.

9:02 O debate vai abordar vários temas em segmentos de cinco minutos, 90 segundos para cada resposta. Os dois entram em palco com sorrisos, Palin pergunta se pode tratar Biden por Joe. Ele dirige-se-lhe por governadora.

Os dois candidatos à vice-presidência, a governadora republicana do Alaska Sarah Palin e o senador democrata do Delaware Joe Biden, defrontam-se na Universidade de Washington, em St. Louis, Missouri.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Spin

Na véspera do debate vice-presidencial, circulam (das fileiras conservadoras) pedidos de desqualificação da moderadora, a jornalista da PBS Gwen Ifill, por alegadamente estar "inclinada" para favorecer a candidatura de Barack Obama. 

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Pós-debate

Caros leitores, problemas logísticos e uma sucessão de vôos obrigaram o blogue a parar durante dois dias. Sobre o debate presidencial de Oxford, duas avaliações diferentes: os comentadores tendem a considerar que houve um empate, os espectadores maioritariamente dão a vitória a Barack Obama.Algumas considerações genéricas e outras mais particulares:
- Antes de mais, a qualidade do debate. Na fase das primárias os candidatos defrontaram-se dezenas de vezes, mas nunca de forma tão substancial como desta vez. Foi uma emissão animada, com menos tempo para perguntas e mais espaço para cada um explicar os seus pontos de vista e verdadeiramente debater (mais do que provocar ou responder) o seu adversário. Foram abordados muitos assuntos e em profundidade; o público ficou perfeitamente consciente que está perante dois homens com visões, ideias e propostas bem diferentes para o país -- resta agora aos eleitores decidir qual dos dois caminhos apresentados querem seguir.
- A teoria diz que é o concorrente que vem de trás que tem de "ganhar": um debate é uma oportunidade de recuperar terreno ou de ultrapassar o seu adversário. Neste caso, notoriamente, não aconteceu a John McCain. Beneficiou Barack Obama.
- Na gestão das expectativas, a pressão estava mais do lado do republicano: as questões de política externa e segurança nacional são o seu forte. Ninguém antecipava que McCain se "espalhasse", e o candidato demonstrou todo o seu conhecimento. Mas, ao contrário do que se esperava, não conseguiu fazer o caso da "inexperiência" do seu opositor -- Obama concordou muitas vezes com McCain, mas acrescentou sempre algo às suas respostas, revelando domínio dos assuntos. A missão do democrata era parecer presidenciável e anular as dúvidas de que pode ser comandante-em-chefe. O ponto foi para Obama.
- O bizarro comportamento de John McCain antes do debate fragilizou-o politicamente e lançou dúvidas na opinião pública. Nesse sentido, a prestação do republicano poderá ter servido para sossegar os eleitores quanto à iminência de (mais uma) implosão da sua candidatura. O ponto foi para McCain.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Bloco de notas

- No que diz respeito à crise económica, é o caos.

- Não podia ser mais polémica a interferência dos candidatos presidenciais nas negociações do Congresso com vista à aprovação do plano de resgate de Wall Street.

- Difícil de entender o comportamento errático de John McCain. Mas o candidato já garantiu que estará presente no primeiro debate presidencial em Oxford, Mississippi.

- A entrevista de Sarah Palin à CBS não lhe podia ter corrido pior.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Crise

Crise nos mercados financeiros: ainda não há acordo político para avançar um pacote de resgate das instituições de Wall Street em risco de colapso.

Crise na campanha eleitoral: o primeiro debate presidencial continua em risco.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Universidade de Mississippi

Declaração oficial da Universidade de Mississippi sobre o debate presidencial:

"A Universidade de Mississippi vai prosseguir os preparativos para o debate. Estamos preparados para receber os candidatos e esperamos que o evento possa decorrer conforme planeado.
Até ao momento, a Universidade não recebeu qualquer notificação de mudanças no horário ou local do debate.
Já notificamos a Comissão dos Debates Presidenciais que estamos a avançar conforme o calendário estabelecido.
Manteremos o público ao corrente de qualquer nova informação que venha a estar disponível".

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Regras

As candidaturas democrata e republicana chegaram a acordo nas regras para os debates presidenciais: mais liberdade para Obama e McCain; um formato mais convencional para Biden e Palin.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Batota?

No passado sábado à noite, os dois candidatos presidenciais Barack Obama e John McCain participaram num fórum sobre fé com o famoso pastor evangélico norte-americano, Rick Warren, autor do best-seller "Purpose Driven Life" e líder da gigantesca Saddleback Church de Lake Forest, na Califórnia. A conversa foi transmitida em directo pela CNN e a iniciativa foi encarada pela imprensa americana como uma espécie de "aquecimento" ou de ensaio-geral para os sempre fulcrais debates televisivos -- e por isso esperava-se muita tinta sobre quem ganhou ou perdeu. Mas o que os jornais, os comentadores e a blogosfera ainda estão a discutir hoje é se o candidato republicano, John McCain, fez ou não batota e teve conhecimento das perguntas e da prestação do seu opositor antes de entrar em cena. Em vez de esperar em reclusão num "cone de silêncio", como foi anunciado no início da transmissão, o senador estava em movimento, na sua caravana, enquanto Obama respondia a Rick Warren.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Super Tuesday - faltam 5 dias

Fui assistir ao debate democrata neste restaurante, que é também uma livraria e que é, na gíria americana, provavelmente dos lugares mais "progressistas" de Washington DC. Descobri, ao chegar, que na próxima terça-feira o espaço será ocupado com uma espécie de festa had-oc da candidatura de Barack Obama -- e por isso antecipei que a clientela que enchia a sala-de-jantar voltada para a tela gigante onde passava o debate se animasse a cada palavra do senador do Illinois. E a mesa que acolhia o grupo maior — e que a certa altura já era uma espécie de arca de Noé onde cabia mais uma cadeira, mais um amigo, mais um computador, mais duas garrafas de vinho, num constante desafio aos dotes malabaristas dos empregados de mesa — rebentou em aplausos assim que Obama entrou em palco.
O meu plano parecia ligeiramente gorado, mas nada disso, a malta "sofisticada" do Busboys and Poets dedicou, sem reservas, exactamente a mesma atenção aos dois candidatos.
Para minha surpresa, as primeiras reacções de agrado foram mesmo dirigidas a Hillary Clinton, que viu o debate arrancar com perguntas sobre a saúde e a pertinência (ou não) de um plano de cobertura universal da população, o tema em que, aparentemente, leva mais vantagem do que Obama. Como sempre acontece, a senadora de Nova Iorque foi exaustiva nas suas explicações, quase pedagógica. Obama, que tem sido acusado de muita eloquência mas pouca substância, deu logo o sinal de que estava ali para se bater com as armas da adversária, desfiando números e esmiuçando propostas -- mas esse primeiro "round", uns longuíssimos 35 minutos, foi ganho aos pontos por Clinton.
Na mesa ao lado da minha, um "blogger" comentava o debate em tempo real. Só se levantava nos intervalos, e no primeiro lá foi ele até à mesa mais barulhenta, a que ocupava o centro da sala e o centro das atenções e que, do ponto de vista jornalístico, parecia ser a que tinha mais "história": afinal, agora estavam a bater mais palmas a Clinton. Antes da primeira interrupção a senadora parecia estar a aguentar-se melhor. Falou bastante mais tempo (ficou contudo a sensação de que a CNN lhe deu mais oportunidades de resposta), foi muito específica e segura e deu brilhantemente a volta à provocação de um telespectador, que notou que sempre que se votava para a presidência dos Estados Unidos se tinha que escolher ou um Clinton ou um Bush. "Foi preciso um Clinton para consertar a trapalhada de um Bush", reparou, num argumento arriscado e corajoso, que fez rir a plateia e só não a prejudicou porque Obama não teve hipótese de replicar.
Os comensais começavam a perder-se nas suas próprias conversas, como se concordando implicitamente que o espectáculo estava a ser bem mais aborrecido do que se esperava. Nada de emoção, de facas ou luvas ou outros adereços que costumam simbolizar o combate político. Tudo muito civilizado e cordato (estratégia, claro, mas depois do pão a malta queria o circo). Assim sendo, a plateia mantém-se serena e reserva os vivas para a diabolização dos republicanos. Ou então para o concurso "vamos-ver-quem-reconhece-mais-actores-de-
Hollywood-na-plateia". Será possível que esta gente tenha cativos no Kodak Theater?
Os espíritos animam-se quando o debate se volta para a discussão do Iraque. Agora é o momento de Barack Obama e ele não desperdiça a oportunidade. Duas frases que outra vez empolgam o povo da mesa grande: que está preparado para liderar sem errar no primeiro dia, e que não basta corrigir a estratégia para o fim da aventura iraquiana, há que mudar o quadro mental que leva a situações de guerra. Nesse ponto a sala inteira aplaude -- este "round" pertence indiscutivelmente a Obama, quase por KO.
Por isso no fim foi difícil perceber se as quase duas horas de discussão teriam importado ao ponto de fazer alguém mudar de ideia. Alguém ganhou o debate? Boa pergunta. Se calhar, o balanço da noite podia fazer-se com uma fórmula que não fugia muito disto: quem queria que Clinton fosse declarada vencedora, tinha argumentos para dizer que foi Clinton que ganhou; quem queria que Obama fosse declarado vencedor, tinha argumentos para dizer que foi Obama. Quem gostava de Hillary antes, não tinha porque não gostar depois. E quem antes batia palmas a Obama, continuava a bater palmas depois. À saída olho à volta e não há provas de gulodice nos restos deixados ao abandono na sala rapidamente deserta -- quase ninguém ficou para a sobremesa.