segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Pós-debate

Caros leitores, problemas logísticos e uma sucessão de vôos obrigaram o blogue a parar durante dois dias. Sobre o debate presidencial de Oxford, duas avaliações diferentes: os comentadores tendem a considerar que houve um empate, os espectadores maioritariamente dão a vitória a Barack Obama.Algumas considerações genéricas e outras mais particulares:
- Antes de mais, a qualidade do debate. Na fase das primárias os candidatos defrontaram-se dezenas de vezes, mas nunca de forma tão substancial como desta vez. Foi uma emissão animada, com menos tempo para perguntas e mais espaço para cada um explicar os seus pontos de vista e verdadeiramente debater (mais do que provocar ou responder) o seu adversário. Foram abordados muitos assuntos e em profundidade; o público ficou perfeitamente consciente que está perante dois homens com visões, ideias e propostas bem diferentes para o país -- resta agora aos eleitores decidir qual dos dois caminhos apresentados querem seguir.
- A teoria diz que é o concorrente que vem de trás que tem de "ganhar": um debate é uma oportunidade de recuperar terreno ou de ultrapassar o seu adversário. Neste caso, notoriamente, não aconteceu a John McCain. Beneficiou Barack Obama.
- Na gestão das expectativas, a pressão estava mais do lado do republicano: as questões de política externa e segurança nacional são o seu forte. Ninguém antecipava que McCain se "espalhasse", e o candidato demonstrou todo o seu conhecimento. Mas, ao contrário do que se esperava, não conseguiu fazer o caso da "inexperiência" do seu opositor -- Obama concordou muitas vezes com McCain, mas acrescentou sempre algo às suas respostas, revelando domínio dos assuntos. A missão do democrata era parecer presidenciável e anular as dúvidas de que pode ser comandante-em-chefe. O ponto foi para Obama.
- O bizarro comportamento de John McCain antes do debate fragilizou-o politicamente e lançou dúvidas na opinião pública. Nesse sentido, a prestação do republicano poderá ter servido para sossegar os eleitores quanto à iminência de (mais uma) implosão da sua candidatura. O ponto foi para McCain.

Sem comentários: