terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Hoje é a "primária do Potomac", com Hillary a olhar para o Texas


Hoje é a "primária do Potomac". Vai a votos a região metropolitana da capital americana: vota-se em Washington DC e nos estados da Virginia e do Maryland. As eleições nas margens do rio Potomac poderão responder a muitas perguntas.


Do lado republicano, será curioso ver se Mike Huckabee continua a "incomodar" John McCain; esperam-se vitórias do senador do Arizona mas, sobretudo na Virginia, Huckabee pode marcar pontos.


Do lado democrata, em que as coisas continuam mais indecisas, está mais em jogo. Espera-se que Barack Obama triunfe nas três eleições. Isso continuaria a série de vitórias de Obama que se prolonga desde a "super-terça-feira". E os dois estados que se seguem - Wisconsin e Havai - também parecem favorecer Obama.


Isso tornaria imperativo para Hillary Clinton um triunfo conclusivo nos dois "super-estados" que votam no início de Março, Ohio e Texas.


Ora, desde a "super-terça-feira" que a campanha de Clinton apontava para as primárias de 4 de Março no Ohio e no Texas como a data decisiva do seu calendário. Os apoiantes da senadora de Nova Iorque mostraram expectativas baixas para Fevereiro - admitindo mesmo o cenário de, depois da "super-terça-feira", Clinton não voltar a ganhar este mês.


E, com efeito, mesmo que Clinton perca hoje e na próxima semana, a sua candidatura continuará perfeitamente viável se ela conseguir vitórias concludentes no Ohio e no Texas.


No entanto, se Clinton continuar a acumular derrotas, e se essas derrotas forem por margens significativas, a sua posição ficará fragilizada. Será mais difícil a Hillary conquistar os dois "super-estados" se Obama, mesmo sem uma grande vantagem em número de delegados, tiver o "momentum" da campanha.


É que, até às primárias de 4 de Março, haverá uma pausa substancial - duas semanas sem eleições do lado democrata. Se Obama continuar a ganhar, terá essas duas semanas para consolidar uma imagem de "frontrunner".


Mais ainda: a pressão irá aumentar sobre Hillary para que ela evite um cenário-catástrofe em que o Partido Democrata chegasse à sua convenção sem um candidato definido.


Na semana passada, o presidente do comité democrata nacional (a estrutura burocrática/logística do partido), Howard Dean, advertiu que o "empate" Obama/Clinton não se pode prolongar indefinidamente. Em declarações à televisão NY1, Dean afirmou que, caso o impasse se mantivesse até perto da convenção:



"Vamos ter de juntar os candidatos e chegar a alguma espécie de entendimento, porque julgo que não podemos correr o risco de uma convenção negociada." (numa convenção negociada o nomeado seria definido por jogos de bastidores e não pelos resultados das eleições)

Ora, se Obama se afirmar como o "frontrunner", mesmo que por uma margem curta, a pressão para desistir estará toda do lado de Hillary. A "primária do Potomac" não é um teste de "vida ou morte" para a candidatura da senadora nova-iorquina - mas Clinton também não se pode dar ao luxo de estar meramente à espera do Texas e do Ohio.

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