quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Em quem vota Al Gore?


Depois do Nobel, depois do Óscar, o homem que "costumava ser o próximo Presidente dos EUA" é uma figura incontornável na esquerda americana.

Então, e em quem votará Al Gore nestas presidenciais?

Por enquanto, ainda não se sabe.

A importância de Gore é múltipla: vice-presidente por oito anos, candidato derrotado numa das presidenciais mais controversas de que há memória, divulgador e activista de uma causa cada vez mais relevante para a agenda política americana. Um "endorsement" a um dos candidatos iria atrair muitas atenções.

Mas Gore ainda não se pronunciou sobre o actual processo eleitoral. Houve vários movimentos a tentar que ele próprio se apresentasse como candidato - mas Gore não quis regressar à política eleitoral. Não é totalmente impossível um cenário em que Gore, mesmo não participando nas primárias, aparecesse na convenção democrata como um "candidato do consenso", se o partido ainda estivesse dividido entre Obama/Hillary/Edwards. Não é impossível, mas é muito improvável.

O jornal The Hill argumenta que uma declaração de Gore poderia ter um efeito assinalável na campanha democrata (e acrescenta também o nome de outro "notável" ainda indeciso - o senador do Massachusetts Ted Kennedy).

Mas esse impacto é duvidoso. Há quatro anos, Gore declarou o seu apoio ao candidato Howard Dean - e fê-lo em Dezembro de 2003, praticamente no auge da popularidade de Dean. O "endorsement" de Gore na altura fez com que Dean parecesse imparável na corrida à nomeação democrata - mas apenas um mês depois, a candidatura de Dean já estava esfrangalhada.

Ora, quatro anos depois, Gore reforçou o seu prestígio, pelo menos junto do eleitorado democrata: há o Nobel, há o Óscar, e há a sua posição muito crítica sobre a guerra de Bush no Iraque. Mas, por outro lado, Gore está afastado da política partidária há oito anos; a sua rede de contactos na estrutura democrata esbateu-se.

E basta recordar que um outro "notável" democrata, John Kerry, deu o seu apoio a Obama há duas semanas - e o impacto desse "endorsement" foi muito limitado.

Em resumo: em quem vota Gore? Não se sabe.

Irá pronunciar-se ainda nas primárias? Também é uma incógnita.

Um apoio a um candidato teria um efeito significativo? Igualmente desconhecido.

Bom, muitas perguntas, nenhumas respostas. Olhemos para o outro lado da barricada - entre os republicanos, John McCain recebeu o apoio de "Stormin' Norman" Schwarzkopf, o comandante militar no terreno das forças americanas na Guerra do Golfo de 1991.

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