quarta-feira, 12 de março de 2008

Seis semanas

Desde o arranque da época das primárias, no início de Janeiro, nunca os candidatos tiveram tanto tempo para fazer campanha num único estado como terão agora. Nestas seis semanas que faltam até à votação da Pensilvânia, o combate democrata, já bem durinho nesta altura, deverá azedar ainda mais. Como comentava um amigo meu, os dois candidatos (talvez sem se dar conta) podem até ter ultrapassado o turning point, e correm o risco de ver o apoio e entusiasmo do eleitorado com o carácter histórico da corrida esfumar-se para um profundo desagrado com o tom tóxico que se começa a adivinhar.
O factor tempo, que tem funcionado a favor de Barack Obama, parece desta vez jogar a favor de Hillary Clinton, cuja candidatura, apenas há duas semanas, tinha sido vaticinada ao fracasso. A campanha Clinton prometeu endurecer os ataques ao seu opositor -- e um primeiro sinal de como o tempo não é de tréguas foi que a candidata não afastou a antiga candidata à vice-presidência Geraldine Ferraro, sua directora financeira, depois das suas declarações vagamente racistas (para a frustração de Barack Obama).
Um outro factor de perturbação tem a ver com o imbróglio relativo aos delegados do Michigan e da Florida, que a campanha de Hillary insiste em sentar na Convenção Nacional mas para os quais o comité do partido continua sem solução. Os dois estados foram castigados por anteciparem a data das respectivas eleições para antes da Super Tuesday (a primeira!), e a campanha foi proibida: no Michigan, só o nome de Hillary apareceu nos boletins de voto.
E quanto mais tempo os dois democratas prolongarem a sua luta fraticida, mais poderá descansar o candidato republicano John McCain. O veterano senador está de partida para o estrangeiro, para uma semana de contactos internacionais com líderes políticos no Médio Oriente e Europa -- que é também para onde eu viajo, na esperança de uns dias de descompressão. Estaremos todos de volta no dia 23.

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