Mais interessante do que examinar como o voto "latino" não é monolítico e se distribui entre os dois candidatos democratas segundo os mesmos padrões de idade, habilitações e recursos financeiros que o voto "anglo-saxónico", é perceber quais são as consequências para o Partido Republicano da transferência em bloco deste eleitorado para o campo liberal.
Nas duas últimas eleições presidenciais, os hispânicos foram uma importante base de apoio dos conservadores, e muito significativamente fizeram parte da coligação engendrada por Karl Rove. Mas essse apoio começou a erodir logo em 2004, quando se abriu a caixa de Pandora do debate sobre a reforma da imigração. A Administração Bush perdeu, nesse ano, uma oportunidade de pressionar o Congresso a analisar a sua proposta de lei. Dois anos mais tarde, quando esse era o principal objectivo da sua agenda doméstica, foi o descalabro: o debate político (com propostas como a deportação de todos os indocumentados ou a construção de um muro com o México...) tinha decisivamente caído para os extremos, assumindo um tom xenófobo e "anti-latino" de que os republicanos nunca mais recuperaram. Mas outras razões explicam o descontentamento das comunidades latinas, a mais importante das quais o total alheamento da América Latina da política externa da Administração Bush.
Veronica Vargas Stidvent, directora do Center for Politics and Governance da Universidade de Texas em Austin e antiga Assistant Secretary for Policy do Departamento de Trabalho (para a Administração Bush), com quem falei ontem, não vê nenhuma indicação de que este movimento drástico do voto latino para o lado democrata vá parar e arriscava mesmo dizer que os conservadores terão perdido o seu suporte para sempre.
quarta-feira, 5 de março de 2008
Conservadores perdem o voto latino
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