sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Quando o telefone toca

A controvérsia do dia tem a ver com um novo anúncio da campanha de Hillary Clinton, que deixa no ar a pergunta: quando às três da manhã, tocar o telefone por causa de uma crise mundial, quem é que os americanos acham que deve estar na Sala Oval para atender? As imagens não são nem da Casa Branca nem de bombas a rebentar num qualquer cenário longínquo; mostram isso sim várias crianças a dormir, com a tranquilidade e inocência própria das crianças, e no final uma fotografia de Hillary ao telefone, iluminada por um candeeiro num escritório escuro. A ideia é reforçar a percepção de Hillary como a presidente incansável, que tem a experiência do mundo mas não deixa de estudar os dossiers. O objectivo: arrasar o adversário, com a sugestão de que este nunca foi testado sob pressão e não sabe o suficiente sobre política externa para poder estar do outro lado da linha -- especialmente quando o que toca é o telefone vermelho.
O Wall Street Journal classificou o anúncio como "a maior provocação desta campanha eleitoral", e comparou-o mesmo ao apocalíptico "Daisy", que o democrata Lyndon Johnson usou contra Barry Goldwater nas presidenciais de 1964, e que sugeria que o mundo iria explodir num gigantesco cogumelo nuclear se o republicano ganhasse as eleições. Foi, até agora, o ataque mais duro contra Obama, e (ao contrário do que tem acontecido) não ficou sem resposta. O candidato lamentou que a sua opositora quisesse recorrer às tácticas do medo, e contra-atacou dizendo que Hillary já teve o seu "momento de telefone vermelho", quando apoiou a decisão de George W. Bush de invadir o Iraque (e também o republicano John McCain). "A questão não é atender o telefone, a questão é o discernimento de quem atende o telefone", frisou.
Obama pode não ter gostado do anúncio, mas como avisou o The New York Times, o beliscão de Hillary não foi nada comparado com o que vem a seguir...

p.s. pela conversa da campanha Clinton, dá ideia que não vai ser muito bonito.

1 comentário:

Kanimanbo disse...

O que vale é que ela já não tem muito mais tempo para beliscar. O Howard Wolfson e o Mark Penn (e que piada que este tem) podem fazer os vaticínios que mais lhes convenham para o pós-4 de Março, mas tudo o que vier de negativo da campanha da Hillary Clinton nessa altura será apenas uma triste e feia campanha para diminuir as hipóteses do Barack Obama em Novembro. É óbvio que na terça-feira não vão restar dúvidas de quem é o nomeado dos democratas. Barack Obama vai ganhar certamente em Vermont, provavelmente no Texas e acredito que mesmo no Ohio. Ela que fique com Rhode Island como prémio de consolação e, por favor, saia da corrida, porque obviamente não tem hipótese de ganhar, pelo menos não de forma limpa.