Numa conference-call no início desta semana, os três principais conselheiros de Hillary Clinton — Mark Penn, Harold Ickes e Howard Wolfson — explicaram aos jornalistas a estratégia da senadora de Nova Iorque para contrariar o "momentum" de Obama e ressuscitar a sua campanha a partir das vitórias no Texas e Ohio. O plano de recuperação pode-se resumir em seis pontos:
1. Nenhum candidato vai conseguir 2025 delegados nas primárias e caucus e por isso serão os superdelegados a decidir;
2. Duas semanas são uma eternidade numa campanha eleitoral;
3. Os debates mudam a dinâmica da corrida;
4. O estatuto de favorito de Barack Obama implica um maior escrutínio da sua candidatura por parte dos media;
5. John McCain vai querer marcar a agenda para que o grandes temas da campanha sejam a segurança nacional e o combate ao terrorismo;
6. Os estados grandes interessam muito mais do que os pequenos.
Na verdade, não é nada de muito novo. Surpreendentemente, a campanha de Hillary insiste na mesma estratégia que se revelou desastrosa depois da Super Tuesday -- e isto apesar das insistentes questões dos jornalistas, que queriam saber se a candidata ia reformular a sua mensagem ou somente a sua imagem (pelos vistos, já todos se esqueceram do New Hampshire...). Os riscos para Hillary são enormes:
1. A senadora lidera na contagem dos superdelegados, mas pelo menos metade desta elite de eleitores da convenção ainda não indicou o seu sentido de voto. Além disso, os que já o fizeram são livres de mudar de ideias a qualquer momento, e é previsível que se passem rapidamente para o campo de Obama se o candidato continuar a acumular vitórias e a esmagar na votação popular;
2. Bastarão as duas semanas que faltam para o Texas e Ohio para fazer esquecer um mês de derrotas consecutivas? É discutível. Até agora, o factor tempo tem funcionado contra Hillary e vindo a favorecer Barack Obama, que quanto mais se dá a conhecer aos eleitores mais adesão suscita à sua campanha;
3. Hillary é melhor nos debates, mas como se provou ontem à noite, a candidata está de mãos atadas: não pode atacar agressivamente o seu adversário, porque as audiências reagem mal a campanhas pela negativa e porque estaria a fornecer munições aos republicanos. E com apenas mais um debate no horizonte, a candidata não pode simplesmente confiar que Obama se espalhe ao comprido...;
4. É inevitável que a paixão da imprensa com Barack Obama arrefeça, mas por enquanto ainda não começaram a sair notícias que ponham em causa a credibilidade do candidato. Também os ataques de John McCain parecem servir pouco para a causa de Hillary;
5. A guerra do Iraque e a segurança nacional são os assuntos em que Barack Obama mais se pode diferenciar do seu adversário John McCain. Hillary tem um registo muito problemático de votações no Senado — a favor da invasão do Iraque, a favor da hostilização do Irão... —, que vão contra o sentimento dominante entre o eleitorado democrata;
6. Até agora deu mau resultado ignorar os estados pequenos, e a táctica nem faz muito sentido neste momento em que se luta por cada delegado. Mas há outra coisa: o que acontece se Obama ganha os estados grandes?
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Os riscos da estratégia de Clinton
Posted by Rita Siza at 21:36
Labels: Hillary Clinton
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