Hillary Clinton pode não participar num debate televisivo planeado pela cadeia noticiosa MSNBC, em retaliação por um comentário ofensivo sobre a sua filha Chelsea, feito no ar por um dos repórteres embedded na sua campanha. O incidente provocou todas as reacções esperadas: o jornalista pediu várias vezes desculpa e foi suspenso pela estação; a campanha de Clinton vitimizou-se, queixando-se da desconsideração, desrespeito e preconceito dos media contra a candidata; a MSNBC intensificou as negociações para tentar salvar o evento e o público mais interessado respondeu com indignação.
Chelsea Clinton tem acompanhado a mãe para todo o lado -- o único evento onde não a vi foi em Columbia, na Carolina do Sul, mas não posso jurar que não estivesse num dos dois autocarros azuis onde se desloca a candidata e sua entourage. Ao contrário do pai, tinha mantido uma rigorosa disciplina, recusando-se a falar aos jornalistas desde o início da campanha. Aliás, Chelsea recusava-se a falar até com os apoiantes da campanha: vi-a simpática e acessível no trato, deixando-se abraçar e aceitando posar para todas as fotografias, mas nunca a ouvi dizer mais do que "olá", "obrigado por ter vindo", "que linda camisola" e outras banalidades. Mas tal como Bill, Chelsea sempre teve o seu papel bem definido na campanha. Até muito recentemente, operou nos bastidores; nos últimos tempos (como discutiam os comentadores no momento do comentário fatal), aceitou passar à ribalta, correndo dezenas e dezenas de campus universitários numa tentativa de conter a Obamamania que contaminou o eleitorado mais jovem.
Nesta campanha a todos os títulos invulgar, o relacionamento da imprensa com a campanha de Clinton tem sido invulgarmente tenso, o que em parte explica o apertadíssimo escrutínio que a candidata recebe. É verdade que nenhuma outra candidatura dificulta tanto o trabalho dos jornalistas como a de Hillary: todas as campanhas tentam controlar os movimentos dos media, mas com Hillary o grau de vigilância chega aos requinte. Não é só nos eventos planeados e outras aparições coreografadas, onde há sempre cordões de segurança para separar a imprensa. Já falei com vários jornalistas da travelling press que se queixaram da "invasão" da campanha sobre o seu trabalho -- por exemplo, parece que é prática comum os assessores de Hillary telefonarem para os editores para fazer queixas ou simplesmente dizer que não gostam dos seus repórteres.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Clinton e os media
Posted by Rita Siza at 18:01
Labels: Hillary Clinton, Media
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