terça-feira, 21 de outubro de 2008

Daily Mirone - 3

It's all about taxes

A economia é uma preocupação, e um factor de decisão, em quaisquer eleições, sejam elas americanas ou europeias. Mas nos Estados Unidos há uma obsessão com as taxes - que são sempre as taxes, mesmo quando é um emigrante português a falar. Todos acham que pagam muito e aceitam tudo menos pagar mais. E Obama assustou aqueles que ganham mais dinheiro, e já pagam mais impostos, com a proposta de aumentar as taxes para todos os que ganham mais de 250 mil dólares por ano e reduzir para os que fazem parte das chamadas lower and middle-income families. Até porque os americanos não se identificam com a solidariedade social, muito menos com a distribuição da riqueza, como Obama a apresentou - e logo foi apelidado de "socialista" (e este é um epíteto que ninguém quer ter no país com maior devoção ao capitalismo) depois de anunciar as suas propostas para a reforma fiscal.
Hoje, entrei numa loja de computadores e o dono perguntou-me de onde vinha. E se podia perguntar uma "curiosidade" (estive nos Estados Unidos em 1992 e 2001, antes dos atentados, e confesso que a curiosidade actual me está a surpreender pela positiva): quis saber tudo sobre o sistema de impostos em Portugal. E lembrou que os Estados Unidos nasceram das taxes - os ingleses "fugiram porque não aguentavam pagar" os impostos da altura, na sua versão da história. E esta será a explicação para que cada site e cada jornal faça uma comparação entre Obama e McCain - revelando o que será das taxes com cada um deles na Casa Branca.
Em Manassas, a cerca de cem quilómetros de Washington DC e onde existe um "little Portugal", como são apelidadas pelos emigrantes as comunidades portuguesas de alguma dimensão, as eleições não eram um tópico recorrente de conversa, até porque muitos dos que podem votar ainda não decidiram se o farão. Mas, trazendo o assunto à conversa, na festa do passado sábado que reuniu cerca de cem pessoas, logo as taxes centraram o debate, com uma clara linha divisória entre os trabalhadores por conta de outrem, que apoiam a medida de Obama e acham que a Administração podia ter evitado a crise, e os empresários por conta própria, que tendem a ser mais pró-republicanos e desculpam o governo pelo desgoverno individual.

Sofia Branco

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