terça-feira, 4 de março de 2008

A gestão das expectativas

Depois de ouvir o director de comunicação e o responsável nacional da campanha de Hillary Clinton hoje de manhã, fiquei convencida que as sondagens internas da candidatura devem ser bem animadoras, tal era o optimismo com que falavam. É óbvio que é nesse momento em que as pessoas saem de casa, potencialmente para ir votar, que há que utilizar a retórica vencedora para galvanizar as bases. Mas mesmo assim, há qualquer coisa que não bate certo neste jogo de gestão das expectativas -- como se não bastasse simplesmente o fatídico comentário de Bill Clinton, que não podia ter colocado mais alto a fasquia para o sucesso desta noite: ou Hillary ganha a votação no Texas e no Ohio, ou então não tem hipótese de alcançar a nomeação. A questão é: e se ela não ganha?
Com tudo virtualmente empatado nas sondagens, os resultados de logo à noite são verdadeiramente imprevisíveis, embora não tanto que não seja já claro, tantas horas antes de fecharem as urnas, que não haverá nem consagrações nem humilhações pela madrugada fora. É até bem possível que o actual equilíbrio de delegados não saia substancialmente alterado na votação. Por isso, a real importância desta nova Super Tuesday é a narrativa. Essa, aconteça o que acontecer, não será mais a mesma. Se Hillary ganhar os dois estados, passar-se-á a falar do mais impressionante "comeback" da política americana. Se as duas vitórias forem para Obama, de um fenómeno imparável. Se os dois senadores ficarem com uma vitória cada um, quais serão os argumentos?: que Hillary ainda não está afastada, que Obama ainda não convenceu, se Hillary não sair que será capaz de tudo para vencer, se Obama continuar com mais delegados que continua o favorito...
Ou seja, tudo em aberto, outra vez.
Há que continuar a ter paciência.

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