quinta-feira, 27 de março de 2008

Divisão dos democratas dá vantagem a McCain

As últimas sondagens vêm dar um carácter científico àquilo que é óbvio mesmo para o observador mais desatento: o endurecimento do combate entre Hillary Clinton e Barack Obama pela nomeação está a dividir e extremar os eleitores democratas, e a favorecer as hipóteses do seu adversário republicano John McCain na votação de Novembro.Como se previa, o entusiasmo inicial dos democratas com os seus candidatos está a degenerar para o desconforto e o descontentamento à medida que a campanha avança num tom cada vez mais negativo. Os números revelam que, pela primeira vez, os partidários democratas começam a ter uma visão mais desfavorável do que favorável dos seus políticos -- especialmente de Hillary Clinton, que reúne agora mais opiniões negativas (48 por cento) do que positivas (37 por cento).
Um outro número deveria assustar os dirigentes democratas mais do que a antipatia pessoal dos seus candidatos: 20 por cento dos eleitores fiéis a Hillary e Obama disseram que se passariam para a campanha do republicano John McCain no caso de seu candidato perder a nomeação. Talvez por isso, já perdeu interesse a história dos "Obamacans" [Republicans for Obama]; a graça do momento são os "McCain-ocrats" (em breve escreverei sobre o McCainismo, nova corrente ideológica que parece estar a ser forjada com a candidatura do senador do Arizona).
No confronto nacional, os diferentes inquéritos apontam desfechos muito diferentes. A sondagem do dia do Wall Street Journal/NBC News coloca Obama ligeiramente à frente de McCain (44 contra 42 por cento) e McCain ligeiramente à frente de Hillary (46 contra 44 por cento).
Ontem na televisão, alguém comentava que já só a comunicação social parece comprar o argumento da campanha Clinton que diz que a corrida ainda continua competitiva e que depois de uma vitória no estado da Pensilvânia, a senadora de Nova Iorque será (inevitavelmente) catapultada para a nomeação.
Não é nada que não se tenha assistido antes, como lembra o The New Republic, a propósito da luta Carter/Kennedy que animou a Convenção Democrata de 1980.
Mas - de novo - as sondagens, como por exemplo a última do Pew Research Center, parecem confirmar como a história pode estar prestes a repetir-se: se calhar, o público já interiorizou que com mais estados, mais delegados eleitos directamente e maior votação popular, a nomeação pertence a Obama.

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