quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O homem dos super-slogans e das micro-tendências

Barack Obama pode estar "fired up!", mas Hillary Clinton está "ready on day one". Esse é o slogan mais reconhecível da sua campanha, destinado a resumir a sua mensagem de experiência, competência. O seu autor, Mark Penn, é um dos membros mais antigos e leais da selecta entourage Clinton — uma espécie de imagem do espelho daquilo que Karl Rove é para os Bush — e o principal consultor, conselheiro e estratega da candidatura presidencial de Hillary.
O inventor da "micro-campanha" de Clinton explica, nesta entrevista ao The New York Observer, como o que esteve errado na candidatura da senadora de Nova Iorque não foi a mensagem — "Ready for change and ready to lead" — mas antes a organização (que, coincidência ou talvez não, cai fora da esfera estrita das suas responsabilidades). "Desde o princípio ela foi capaz de construir uma larga coligação [de eleitores], que a carregaram até à Super Tuesday. Só que de então para cá houve um período em que a campanha não teve recursos para jogar decisivamente nos estados em que estava a competir", desculpou-se.
Ao mesmo tempo que garante que assumirá as responsabilidades se a campanha de Clinton fracassar, Penn (cuja empresa já cobrou mais de dez milhões de dólares de custos de sondagens e assessoria para a candidatura) não deixa de sacudir alguma água do capote, por exemplo por a senadora não ter seguido o seu conselho e anulado Barack Obama quando ele estava mais frágil, logo no início da corrida. Em vez da "hardball campaign" preconizada por Penn, Hillary jogou à defensiva, mostrou um ar mais vulnerável (alguns dizem humano) e agora a agressividade com que ataca Obama já não resulta bem perante o tom quase majestoso do seu opositor.

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